Este estudo discute as possibilidades de se operacionalizar na prática de educadores as reflexões e propostas teórico-metodológicas no campo da educação em saúde, centradas nas críticas às abordagens educativas normatizadoras e medicalizantes. Para tanto, o trabalho analisa as práticas educativas sobre saúde e drogas de um grupo de educadores que participaram do Projeto “Saúde e Drogas: Desenvolvimento e Avaliação de Ações Educativas em Programas Sociais”, desenvolvido pelo Instituto Oswaldo Cruz, com o apoio do Instituto C&A de Desenvolvimento Social, no período de 2006 a 2007. Objetiva-se descrever os fundamentos teórico-metodológicos do referido projeto e investigar como os educadores se apropriaram de tais concepções e quais as suas facilidades e dificuldades na implementação das ações educativas previstas. Esta discussão teve por base a produção acadêmica sobre educação popular em saúde e as especificidades jurídicas, econômicas e sociais envolvidas no controle e prevenção do uso de drogas lícitas e ilícitas. Orientado por uma abordagem qualitativa, que envolveu a análise documental do projeto “Saúde e Drogas”, entrevistas com educadores e observações de práticas institucionais, o estudo analisou a trajetória e as práticas profissionais dos educadores, o grau de integração da equipe, as condições de trabalho e as parcerias estabelecidas. Os achados revelaram que houve apropriação e ressignificação pelos educadores dos conceitos abordados no Projeto relativos à educação para autonomia, redução de danos e vulnerabilidade individual, programática e social. O empenho dos educadores e o aporte de recursos humanos e financeiros por parte da instituição favoreceu o desenvolvimento dos planos de ações previstos. Dado que o consumo de drogas lícitas e ilícitas se configura um problema social relevante na atualidade faz-se necessário investir em ações educativas voltados para o controle do uso abusivo, conforme preconizado no Projeto Saúde e Drogas. Compreende-se que os eixos de análise propostos pelo estudo poderão subsidiar análises e monitoramentos de programas sociais em educação saúde, drogas e temas afins.