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O processo criativo dos desenhistas de humor à luz das treze categorias cognitivas de Robert Root-Bernstein & Michele Root-Bernstein

A criatividade e os processos criativos são atividades humanas muito discutidas na atualidade, em diversos campos do conhecimento. Entretanto, os processos criativos de desenhistas de humor (cartunistas, chargistas, caricaturistas) não têm sido muito explorados nas pesquisas. Neste estudo investigamos estes processos, comparando-os com as treze categorias cognitivas promotoras da criatividade de Robert Root-Bernstein & Michele Root-Bernstein, referenciais teóricos adotados pela disciplina de Ciência e Arte do Instituto Oswaldo Cruz, para a construção de novos conhecimentos. A questão formulada foi “o desenvolvimento dos processos criativos dos desenhistas de humor se identifica com esses referenciais”? Procuramos responder essa questão por meio desta pesquisa num caráter teórico-empírico, exploratório e descritivo, com a opção metodológica qualitativa. Esta escolha se baseou no fato do tema de estudo estar relacionado a fatores sociais, políticos e ideológicos da experiência cotidiana dos desenhistas de humor. Os atores sociais entrevistados foram seis desenhistas de humor, brasileiros e reconhecidos nacionalmente, que aceitaram participar voluntariamente desta pesquisa. O referencial teórico define a criatividade como uma capacidade cognitiva fundamental que tem início nas sensações, sentimentos e, principalmente, intuições, culminando nos lampejos conhecidos nas histórias das artes e das ciências. Essa elaboração se dá ao nível inconsciente e pré-consciente, e depois se concretiza em palavras, imagens, sons, em expressões artísticas, científicas e outras. Quanto aos seus processos criativos, os desenhistas constatam que eles são universais, pertencendo tanto ao campo da ciência como da arte, assim como de outras atividades humanas que lidam com criatividade. Os humoristas entrevistados definiram criatividade de forma heterogênea. Nos discursos apresentados houve concordância, entre alguns, a respeito de o ato de criar ser corriqueiro, se tratando de uma tarefa cotidiana e ter relação com novidade. Reconheceram a existência do insight, assim como a importância da influência do ambiente familiar no desenvolvimento da capacidade criativa. Podemos afirmar que algumas das treze ferramentas foram mais citadas do que outras. São elas: (1) observar, (2) criar e (3) formar padrões, (4) sentir empatia, (5) estabelecer analogias, (6) transformar e (7) sintetizar. Houve também o entendimento de que alguns termos são compreendidos de forma diferente do livro “Centelhas de Gênios” de Root-Bernstein & Root-Bernstein. Sintetizar e ter empatia são dois exemplos que tiveram que ser tratados de forma diferenciada nos resultados. Concluímos que os desenhistas de humor usam algumas das ferramentas de pensar e concordam com parte do referencial teórico, mas que igualmente possuem outras habilidades cognitivas e conhecimentos que podem contribuir de maneira significativa para a ampliação dos conceitos ensinados e problematizados na disciplina. Outros referenciais merecem ser mais estudados e aprofundados para alinhar nossos dados empíricos.


Categoria de assunto

Tipo de documento

Ano de publicação

2019

Autor

  • Magalhães, Sergio Amarante de Almeida