O cenário da prevenção da infecção por HIV, hoje, é marcado pela discussão e implementação de diversas tecnologias, sendo algumas relacionadas ao uso de antirretrovirais. A orientação e a disponibilização dessas tecnologias dependem, em grande parte, do protagonismo médico. Pretende-se, neste trabalho, entender as percepções, conhecimentos e práticas dos médicos residentes em infectologia do serviço especializado do IPEC-FIOCRUZ sobre as estratégias de prevenção da infecção pelo HIV. Para isso, a etnografia foi a metodologia de aproximação com os residentes do IPEC, através da observação participante e entrevistas. O conhecimento sobre as alternativas de prevenção da infecção por HIV por parte dos residentes se mostrou pouco consistente e sua prática revelou-se basicamente prescritiva. A tradição de um modelo de formação médica que organiza seus saberesfazeres de modo fragmentado, que não privilegia o profissional pensante nem sua responsabilidade social evidenciam o pouco preparo desses jovens residentes em infectologia. A maneira objetiva de cuidar, voltada para o diagnóstico e tratamento de doenças, é resultado da forma acrítica com que se trata o conhecimento científico, da ausência de uma reflexão política da sociedade e de um juízo filosófico.