As inovações possuem papel estratégico devido a sua indissociável relação com o desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde (CEIS) como elemento central para viabilizar condições estruturais para o acesso universal à saúde como a pandemia Covid-19 revela. Em uma leitura sob o ponto de vista micro do papel da inovação, este se associa a estruturas de mercado e arranjos organizacionais pondo à baila a discussão da capacidade de inovação considerando a endogeneização e capilarização dos conhecimentos tecnológicos. Considerando o cenário brasileiro de atraso industrial e tecnológico, acirra a linha divisória entre os países periféricos e de \201Cfronteira tecnológica\201D, deflagrando dependência, déficit da balança comercial e aumento de gastos em saúde, por meio das crescentes aquisições de conhecimento tecnológico e insumos importados. Desta forma, as políticas de Estado desempenham papel-chave para o desenvolvimento das nações principalmente na indução de pesquisa e do desenvolvimento de seus sistemas de produção e inovação, cuja absorção do progresso técnico, preferencialmente, seja realizada através de investimentos nos setores mais dinâmicos e condutores de progresso, como a área da saúde. Imersa neste contexto, esta pesquisa, desenvolvida metodologicamente através de pesquisa exploratória descritiva e qualitativa e pesquisa de campo com atores da cadeia de inovação, realça o fluxo de incorporação e avaliação tecnológica em saúde como tema central das preocupações para sustentabilidade dos sistemas universais de saúde no que tange a sua gestão, efetividade das incorporações e o papel estratégico das ICT\2019s de produção. Como achados desta pesquisa, a partir da experiência de Bio-Manguinhos, a fim de pavimentar solo fértil para discussão sobre perspectivas de futuro em prol da inovação, põe-se em relevo a promoção de um plano integrado junto ao Ministério da Saúde capitaneado pelas instituições estratégicas do CEIS e instituições de pesquisa para condução de uma agenda tecnológica de futuro, abarcando a consolidação das potencialidades tecnológicas e industriais nacionais com o papel central e estratégico da Fiocruz. Assim como, a introdução das instituições estratégicas do CEIS no fluxo de incorporação e avaliação tecnológica de saúde pautado na absorção e capilarização do conhecimento tecnológico e práticas de gestão estratégica (monitoramento do horizonte tecnológico agregado a estudos epidemiológicos e prospectivos estratégicos para o sistema de saúde no Brasil), permitindo articular em termos institucionais o vínculo entre inovação e acesso universal, em contribuição à estratégias estruturais voltadas para as necessidades e desafios do SUS e do CEIS.