Ao longo dos últimos dois séculos, o Brasil enfrentou diversas mudanças e instabilidades no seu contexto institucional em Saúde Pública. Visando amortecer essas instabilidades, foi introduzida pelo Governo Federal uma política de indução à criação de redes de colaboração entre universidades, institutos de pesquisa, agências de fomento e a iniciativa privada com o objetivo de formação de um Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil. Essas iniciativas foram motivadas pelas pressões contidas na dimensão simbólica da realidade social, impactando, também, na dimensão material da realidade social. Em meio a esse contexto, surgiu no Paraná uma iniciativa de estratégia de desenvolvimento da área de Biologia Molecular fora do eixo Rio-São Paulo, o chamado Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), que ao longo dos anos evoluiu para a criação de uma unidade própria da Fiocruz no Paraná, o Instituto Carlos Chagas (ICC), formando o então chamado arranjo Fiocruz Paraná. Deste modo, foi visado compreender como evoluiu a formação e a institucionalização desse arranjo, assim como a sua estruturação em forma de rede de inovação de ideias, em meio às instabilidades presentes na dimensão simbólica (ambiente institucional) e na dimensão material (ambiente técnico) da realidade social em que esse arranjo estava imerso. Para cumprir o objetivo destacado, foi optado pela adoção de métodos qualitativos de análise de conteúdo temática no que se refere à análise institucional, com recortes quantitativos no que se refere à análise da rede interorganizacional em que o arranjo é hub, a partir de uma investigação exploratória retrospectiva compreendendo o período entre os anos de 1999 (fundação do IBMP) e 2014 (passando pela fundação do ICC no ano de 2008). Os resultados demonstraram que a formação da rede foi possibilitada pelo contexto institucional, contudo, foi por critérios técnicos de eficiência (devido ao campo estar em formação) e do peso institucional das organizações que formaram o arranjo, que o mesmo adquiriu legitimidade. No que se refere à rede de inovação de ideias, observou-se que a estruturação de acordo com o modelo proposto, em seis arenas de pesquisa interconectadas, pode ser preditiva de inovação. Dentre as contribuições, destacou-se que a estruturação da rede de inovação de ideias como redes densas no que se refere à conectividade intra-arenas é favorável à inovação, ao passo que as redes esparsas e com buracos estruturais no que se refere à conectividade interarenas é a condição mais propícia para ocorrer inovação.