A combinação de vacinas é uma estratégia de grande relevância para o Programa Nacional de Imunizações. Através dela, é possível aumentar a proteção a múltiplas doenças em uma única vacina, bem como diminuir as constantes visitas ao posto de saúde. Contudo, uma das desvantagens em relação a esse tipo de estratégia é a possibilidade de ocorrer interferência antigênica entre os seus componentes, o que pode resultar na diminuição da resposta imunológica. Devido a este fato, foi realizada uma combinação com vacinas já presentes no calendário brasileiro de imunizações (DTP-Hib) a vacinas experimentais em desenvolvimento em Bio-Manguinhos (meningocócica B e meningocócica C conjugada), com a finalidade de apresentar uma nova perspectiva de produto a esta unidade bem como estabelecer a correlação antigênica entre esses componentes, comparando metodologias já padronizadas para este fim à metodologia alternativa (ELISA), além de avaliar a pirogenicidade e a interferência entre os componentes vacinais utilizados na combinação. A resposta imunológica aos componentes vacinais foi avaliada em camundongos suíços, NIH e cobaias Short-Hair pelo ELISA (VME, polissacarídeo C, PRRP, Bordetella pertussis) e os testes de soroneutralização in vivo (componentes tetânico e diftérico). Todos os componentes vacinais avaliados pelo ELISA induziram soroconversão nos animais 30 dias após a última imunização. Quando comparadas à vacina combinada completa, somente a resposta imunológica ao polissacarídeo C sofreu interferência de algum componente vacinal. Após novas combinações da vacina meningocócica C conjugada às outras vacinas, pode-se concluir que a vacinas DTP e Hib interagem positivamente na resposta daquela vacina. Em relação à soroneutralização in vivo, houve uma diminuição da potência dos componentes tetânico e diftérico quando cobaias Short-Hair foram imunizadas com a vacina DTP-Hib combinada às vacinas meningocócicas B e C conjugada. Em contrapartida, na quantificação de IgG total em camundongos suíços imunizados com as duas combinações (DTP-Hib e DTP-Hib/B/C), não ocorreu diferença significativa entre os dois grupos. O teste de pirogenicidade realizado em coelhos comprovou que, quando combinadas entre si, às vacinas são capazes de aumentar a temperatura destes animais, provavelmente, devido à presença de Bordetella pertussis e VME de Neisseria meningitidis grupo B. Apesar de não ter sido possível à comparação com os testes padronizados, o ELISA mostrou-se muito satisfatório na pesquisa da resposta imunológica em camundongos. Embora preliminares, os resultados são muito importantes, pois introduzem novas perspectivas para a realização de outras combinações que atendam as demandas requisitadas pelo Programa Nacional de Imunizações.