N. meningitidis é um dos principais agentes etiológicos de meningite bacteriana, cujo principal fator de virulência é a cápsula polissacarídica. A meningite é uma doença grave, com início súbito e que pode ser fatal ou deixar graves sequelas. Pelo potencial de causar surtos epidêmicos, ela se caracteriza como grave problema de saúde pública mundial, e também no Brasil. O grupo C é o principal causador da doença no país. Bio-Manguinhos desenvolveu uma vacina conjugada contra o meningococo do grupo C (MenCBio), que se mostrou capaz de induzir anticorpos com alta atividade bactericida nos testes clínicos já realizados. Entretanto, o processo de produção da vacina foi otimizado para obtenção de melhores taxas de conjugação antes de ser escalonado para obtenção de lotes industriais e realização de estudos clínicos de Fase II/III. Assim, o objetivo do presente estudo é ampliar o estudo da imunogenicidade da vacina MenCBio propondo a avaliação da resposta humoral e celular obtida em camundongos. Para este fim, foram avaliados diversos parâmetros como: títulos totais de anticorpos IgG e índice de avidez (IA) pela técnica de ELISA; avaliação funcional dos anticorpos pelo teste bactericida (SBA), presença de plasmócitos de curta e longa duração no baço e medula, respectivamente, e produção de citocinas por células T, por ELISPOT; análise fenotípica dos linfócitos utilizando anticorpos monoclonais por citometria de fluxo; e ensaio desafio com a cepa homóloga de N. meningitidis (grupo C). A quantificação dos títulos totais de IgG produzidos pelos camundongos imunizados demostrou aumento significativo de maneira dosedependente (T45: MenCBio: 2083,77 EU/mL e NeisVac: 134,65 EU/mL). As doses também aumentaram gradativamente a avidez de ligação de IgG com o PSC para ambas as vacinas (Pré-reforço: MenCBio: 0,67M e NeisVac: 0,41M). A funcionalidade dos anticorpos foi avaliada pelo teste SBA, que determinou a capacidade de ambas as vacinas em induzirem altos títulos de anticorpos bactericidas (T45: MenCBio: 212 e NeisVac: 211), acima do título considerado protetor (2 2 ). A análise da resposta celular demonstrou a capacidade de ambas as vacinas em estimular uma resposta Tdependente pela produção de IL-2 em resposta ao conjugado vacinal (Pós-reforço: MenCBio: 50 spots/106 células NeisVac: 74 spots/106 células); e pela produção de IL- 4, em resposta ao conjugado (T45: MenCBio: 26 spots/106 células e NeisVac: 4 spots/106 células). Ambas as vacinas induziram alta resposta específica ao PSC, com a presença de células produtoras de IgG (Pós-reforço: MenCBio: 414 spots/106 células e NeisVac: 52 spots/106 células) e ao conjugado (Pós-reforço: MenCBio: 638 spots/106 células e NeisVac: 544 spots/106 células). Para conter o início súbito da doença é necessária a produção constante de anticorpos. A presença de plasmócitos de longa duração na medula dos camundongos imunizados com ambas as vacinas foi demonstrada em resposta ao PSC (Pré-reforço: MenCBio: 307 spots/106 células e NeisVac: 46 spots/106 células) e ao conjugado (Pré-reforço: MenCBio: 237 spots/106 células e para NeisVac: 50 spots/106 células). Os ensaios de citometria de fluxo não foram capazes de evidenciar diferenças entre as subpopulações fenotípicas frente aos estímulos antigênicos. O ensaio desafio apresentou uma taxa de sobrevivência de 100% para os camundongos imunizados com ambas as vacinas deste estudo, demonstrando a sua capacidade protetora. Através da análise estatística (teste não paramétrico de Kruskal-Wallis), sugere-se que a vacina MenCBio induz resposta imunológica equivalente à NeisVac, com adequada e satisfatória resposta Tdependente. Estes dados serão utilizados como base para os ensaios clínicos de Fase II/III previstos para início em 2017.